Ontem, numa escola onde estou prestando serviços de manutenção de rede, precisei aguardar a chegada dos digitadores para fazerem a simulação de matrícula online. Nessa espera, fiquei assistindo a TV, que estava ligada a um canal que exibia um Jornal meia-boca, apesar de falarem que a boca é grande.
Sou do tipo que assiste as coisas e tenta observar os bastidores em suas armações. Enfim...muitos bandidos, vítimas da má formação familiar, da pobreza e violência. Numa das coberturas infâmes, foi mostrado um corpo de quem recebera balas na cabeça depois de muita surra. O corpo ficou exposto para quem quisesse, acredito que por muito tempo e mais ainda para poder ser filmado. Percebi a presença das crianças, todas olhavam de uma maneira que eu não olharia: com tranqüilidade, desdém e até mesmo com um pouco de humor.
Me perguntei por que não cobriram o corpo e a resposta era óbvia: Como fariam as imagens com ele coberto, não?
Me preocupei com as crianças, no lugar de brincadeiras felizes, eles se divertiam vendo o corpo e o todo o sensacionalismo criado pela equipe da TV. Fiquei imaginando como aquelas cenas repercutiriam em suas vidas, como eles estavam acostumados com aquilo tudo e como as pessoas, do lado de fora da tela, estimulavam todo aquele espetáculo apenas com seus botões inertes, sem mudar de canal, alimentando a violência alimentada pela indiferença.
Eu sou mesmo um muito “loco”, devo ser, pois não achava muita graça naquela desgraça.
Será que aquelas mesmas crianças, não serão os próximos bandidos que alimentariam os espaços do programa? Seriam os mesmo defuntos que encheriam as telas de um prazer sarcástico? Será que, envolvidos com a criminalidade, aquilo tudo não seria uma forma delas acharem o assassinato um ato banal, que tirar a vida de uma pessoa é apenas mais uma maneira de diversão? Pois, se cedo já tinham aquelas faces felizes ao verem um óbito, imagina quando se envolvessem mais, empunhassem armas e revoltados pelas suas condições, pela falta de amor, dessem mais condições às mídias de baixo calão!
É preciso que pensem muito nisso, na violência que certas mídias vem alimentando.
Um amigo, que ouviu esse meu relato, pediu que escrevesse esse meu descontentamento, acho que ta feito, então.
AnôniMattos?!
tex.ima.edi.som
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