Foi uma vez um homem que havia descoberto um mundo encontrado. Neste mundo mijado ele fazia suas abstinências. Se considerava o maior de todos em sua ilha deserta. Gostava de mandar cartas em garrafas pedindo que todos contassem as suas histórias. Em outros mundos, todos propagavam suas aventuras inventadas e lhe chegavam notícias sobre as reações das pessoas.
A cada resposta ele se sentia maior que antes...o rei e único...isso era fácil, pois ele morava numa ilha deserta. Suas histórias flutuavam por todos os cantos, até chegarem aos ouvidos de um menino, que também gostava de contar suas aventuras, mesmo que pequeninas. O nome dele era Cafundó. Cresceu imaginando a benevolência deste grande homem, de quem sempre ouvira bem falar.
Então, conforme ia crescendo, decidira, quando tivesse mais independente, conhecer o grande homem em sua enorme ilha e assim fez. Quando completou maior idade, comprou um barco com as economias que fizera durante toda a sua infância e pôs-se a navegar. Levou no peito uma das suas melhores histórias: A de um menino que crescera ouvindo histórias de um grande homem que vivia como único em um lugar longínquo.
Depois de um mês de viagem, e de muitos percalços a mar aberto, Cafundó chegou na grande pequenina ilha e avistou rapidamente a pequena casa do seu herói. Enganado se sentira, pois nas histórias havia um castelo. Saiu do barco esbaforido e levou apenas os seus escritos, que estavam guardados no peito durante toda a viagem. Bateu na porta da grande pequena casa, afoito, pois estava muito empolgado para mostrar, como um grande aluno dedicado, sua história para o seu mestre.
Ao ser recebido tombou de cara com um magricela carrancudo que com todo mau humor lhe perguntou o que estava fazendo ali. Cafundó lhe disse que trouxera uma história para que ele lesse. O mesmo o fez...por algumas linhas e de pronto lhe devolveu os papéis pedindo que ele retornasse de onde veio, pois estava muito ocupado escrevendo uma nova história: "A de um menino que passara a vida inteira acreditando numa bondade e verdade que não existiam"
Cafundó, saiu triste, por ter passado toda a sua vida dedicando sua atenção para aquelas histórias inventadas que vinham em garrafas, sem saber que o autor era mais distante da realidade que imaginara e por não ter conseguido o que queria: que seria apenas uma nota, que seu mestre chegasse ao final, mas faltou paciência ao seu professor atrapalhado com um monstro chamado Id, que vivia no seu obscuro existencial.
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