1.27.2011

De volta para o Brasil - LER 002

ANTES LER 001

Antes quebrar que torcer, é o que vinha pensando enquanto olhava para o mar e via as verdes folhas trazendo alegrias aos seus comandados. Carregava o orgulho infantil, nutrido por uma infância de poucas pompas paternas, por ser o segundo filho homem.
Por certo, vinha de família nobre, mas teve que se esforçar muito para conquistar o destaque e a confiança de seu Rei.
- Capitão, capitão, olha as aves!
Com brilhos nos olhos, gritavam os marinheiros, felizes pela iminente terra firme, ao reparar os baixos mergulhos aéreos das aves nativas de muitas cores, por certo. O capitão não estava, por fora, tão feliz quanto palpitara o coração ao ouvir aqueles felizes berros, apesar da perda de uma das embarcações, onde continha alguns pertences e pessoas importantes em sua intrépida jornada, lamentou ser o vento dono daqueles destinos. Alguns homens viam o vento como ele era, mas o capitão o via como gente, sendo bondoso e muitas vezes rude, mesmo tratando-se de ar em movimento e o que leva não trará mais. Ao avistar alguns montes, lançou-lhes ordem:
-Sigam até a praia, vamos sentir o quebra-mar desta terra de longo mar!
Alguns marinheiros seguiram à frente em barcos pequenos, de longe já percebiam que iriam pisar em terras frutíferas e que saciariam seus paladares com novos sabores. Como já vinha a noite, decidiram não encostar muito as embarcações à praia. Dormiram e babaram seus travesseiros.
No outro dia, presenteados por uma linda manhã, daquela quem vemos em propaganda de margarina, onde famílias se divertem num piquenique sobre grama de extenso verde musgo. Foi, um grupo, fazer reconhecimento de toda a área. O capitão, estava ansioso por um rio, assim sem dizer, guiava-os com essa ambição. Seguindo e procurando o maior aglomerado de àrvores, sabendo que dessa maneira seria mais fácil achar um. Seguiam sob copas imensas de arvoredos, até ouvirem um estalo e, como filme com final dado, saíram de súbito, descontentes por detrás das matas, nativos armados com ferramentas rústicas, ameaçando aqueles visitantes.
Todos ficaram surpresos, com suas vestimentas, ou melhor, da complexidade da falta delas para seus olhos. Enquanto os nativos susurravam entre si:
- Eles devem estar preparados para alguma cerimônia, nunca vi tantas peles num só homem - se referiam ao trajes do capitão.
Assustado pela emboscada, ouvindo o linguajar esquisito daquela gente, foi o capitão o primeiro a manifestar-se. Acenando com as mãos, palmas abertas em direção ao chão de suas casas. Os nativos seduziram-se facilmente, por achar que eram pessoas de bem e que ali estavam por cerimônia aos deuses.
Não é difícil imaginar a sensação dos marinheiros a não ver mais apontadas armas flertando seus corpos. Até aqui, lhes trago essa narrativa, privando-lhes de características pessoais, por não ser bem esse fato, nem esses homens, o fator importante para a nossa viagem. Não foi bem o que fizeram, mas o que trouxeram àquelas terras.
Fizeram amizade com toda a tribo, alguns malfeitosos já se deliciavam com as nativas nuas, pensando tê-las a qualquer modo. Os nativos foram grandes anfitriões, tratando seus visitantes com todas as graciosidades que possuíam. Tentaram construir alguns diálogos, através de sinais e demonstrações de objetos. Alguns deles já se divertiam com as novidades dos visitantes, alguns já embriagados pela bebida rubra, que assustou assim que apresentada.
Um dos cozinheiros, apaixonou-se pelos negros cabelos à testa e pelo poucos pêlos que haviam na parte de prazer de uma nativa. Ela não deixou sem seus olhares desde que o viu, encantada pela pedra que o marinheiro trazia no pescoço, objeto que cravou em arames, admirado pelo brilho do tosco pedaço de cristal roseo, encontrado por ele ao tratar uma arraia para seus tripulantes. A mesma pedra negra que encantou a nativa.
Todos comemoraram a grande conquista. Foram embora pensando na inocência daquela gente, gente que se aquietava por simples gestos, que se sentia a vontade com poucas roupas e que tinha tão formosas belezuras à toda brisa.
Fica, naquelas terras, um grupo destinado a ensinar sua língua para os que pudessem bem atender o que estava por vir. Entre eles o cozinheiro, que escolheu ficar com prazer, o mesmo que já saboreava no furor da bela nativa, que possuía em seu pescoço, ornamentado, o seu belo cristal da sorte.
Aquela visita dava inicio à contagem de anos daquela terra, como se aquele terceiro mundo nascesse naquele dia. E o que estava por vir aquela gente desconhecia.

CONTINUA...

(Essa estória começa na LER 001, estou escrevendo aqui, onde a estória vem de baixo para cima, tentarei colocar novos relatos a cada semana, excerto por momentos que a história vinga)

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